Quais modelos são indicados para cada perfil de empreendimento? Como encarar a abertura de um negócio sem correr riscos inerentes a cada uma dessas formas jurídicas. Confira.

São tantas as dúvidas que pairam sobre a cabeça dos pequenos produtores e prestadores de serviços na hora de legalizar o seu negócio que fica difícil optar. E nem sempre o modelo que serve para um, serve para o outro. O primeiro passo é entender as diferenças entre os tipos de organização para, só assim, escolher a forma que mais se adapta às suas necessidades.

Os modelos que geram a maior confusão entre si são, geralmente, o de cooperativa e o de associação. E não é por menos: os dois se baseiam nos mesmos princípios - são sociedades de pessoas sem fins lucrativos - e necessitam, para serem criados, da aprovação de estatuto em assembleia geral de associados e eleição de diretoria e conselho fiscal. Mas as semelhanças param por aí.

"Enquanto as associações têm uma finalidade mais política, de desenvolvimento do setor e defesa de interesses de classe, as cooperativas têm uma finalidade econômica, de comercialização de produtos e serviços de determinado grupo", ensina Fernando Gameleira, International Master Trainer do Empretec, programa de empreendedorismo do Sebrae.

Ou seja, a associação está vinculada a uma atividade social e a cooperativa é indicada para levar adiante uma atividade comercial. Uma diferença que impacta diretamente na forma como os associados e cooperados se relacionam uns com os outros e lidam com o patrimônio da organização. Enquanto na cooperativa todos os membros são donos dos bens, na associação eles não são donos do que foi acumulado. Em caso de dissolução há regras determinadas por lei e normalmente o patrimônio vai para outra associação com finalidade semelhante.

”Aqui, empreendedorismo é a palavra-chave”

Já a empresa tem outro caráter: visa lucro e tem um ou mais donos majoritários definidos. Em caso de dissolução não há dúvidas sobre quem responde pelo patrimônio (inclusive dívidas). "Esta é a grande característica que diferencia o empresário do cooperado, por exemplo: ele assume riscos individuais sobre o seu negócio", resume Gameleira. Aqui, empreendedorismo é a palavra-chave.

Mesmo com as diferenças inerentes a cada tipo de organização, há um fio condutor que une todas, acredita Gameleira: a necessidade de uma demanda bem definida. "Não dá para montar uma empresa ou cooperativa sem se certificar de que existe demanda para escoamento de produtos ou para prestação dos serviços", alerta.

E mesmo no caso da associação, deve haver uma necessidade concreta de desenvolvimento do setor, com políticas a serem implementadas. "Sem isso, a organização perde o sentido", resume.

O consultor acredita que as cooperativas são indicadas para situações em que a produção individual é pequena, mas somada a outras, tem força para entrar no mercado e poder de negociação, inclusive para obtenção de crédito e orientação técnica. "Esta é sua essência. Sou cético em relação a cooperativas onde as pessoas criam a organização apenas com a intenção de ter menos custos. Isso é ilusão", diz.

Caso de sucesso

Em meio ao Cerrado brasileiro destaca-se um empreendimento inspirador – inclusive para iniciativas do porte do Programa ReDes. A Central do Cerrado, formada por 35 cooperativas sem fins lucrativos, de sete estados brasileiros (Maranhão, Tocantins, Pará, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso e Goiás) tem como proposta desenvolver atividades produtivas a partir do uso sustentável da biodiversidade deste bioma e dentro dos princípios do comércio justo e solidário.

Artesanatos, cosméticos, produtos de limpeza, alimentos, brindes e até serviços de bufê são oferecidos pela Central do Cerrado por meio de uma loja virtual que comercializa os produtos das cooperativas associadas. Um belo exemplo de como uma cooperativa pode, além de potencializar a sua produção, se aliar a organizações semelhantes para ampliar mercados e melhorar a qualidade de seus serviços.

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