O Brasil deixa de faturar cerca de R$ 120 bilhões por ano por reciclar apenas 3% do material coletado. Segundo dados da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), a produção de material reciclável anual é de 80 milhões de toneladas.

Um dos principais fatores é a falta de investimento na indústria de reciclagem e equipamentos apropriados para o processamento de resíduos sólidos. Em outros países, como a Alemanha, que, desde 2010, recicla 50% dos resíduos, há subsídios para empresas que priorizem o uso de materiais reciclados.

Por aqui, ainda há algumas barreiras: a tributação pode ser feita mais de duas vezes, com despesas como matéria primária, secundária e no descarte em aterros sanitários, além de até oito impostos específicos para o setor.

Em 2010, entrou em vigor a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS - Lei nº 12.305/10), que institui a responsabilidade compartilhada dos geradores de resíduos. Ou seja, fabricantes, importadores, distribuidores, comerciantes, cidadãos e titulares de serviços de manejo dos resíduos sólidos urbanos são responsáveis pela logística reversa de resíduos e embalagens, pré e pós-consumo.

A reciclagem passou a ser crucial para o planejamento urbano e gestão pública, além de objetivos e metas internacionais ligadas à sustentabilidade e ao desenvolvimento. Embora indispensáveis, os catadores de material reciclável ainda sofrem muito preconceito e são, muitas vezes, colocados à margem da sociedade, social e economicamente.

Para derrubar muitas barreiras, enfrentar o preconceito e profissionalizar cada vez mais a atividade econômica, muitos catadores se organizaram em associações e cooperativas de reciclagem. Por meio da ação coletiva, não apenas aumentam o potencial da reciclagem, como auxiliam na valorização da atividade.

É o caso da Associação Curvelana Catadores de Recicláveis (Asccare), de Curvelo, Minas Gerais, e da Associação de Catadores de Materiais Recicláveis de Várzea Grande (Asscavag), no Mato Grosso, que contam com o apoio do Programa ReDes.

Sem catadores; sem reciclagem

No estudo “A Organização Coletiva de Catadores de Material Reciclável no Brasil: dilemas e potencialidades sob a ótica da economia solidária”, do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), estima-se que a produção diária de lixo no Brasil seja de 160 mil toneladas, sendo 30% a 40% reciclável.

O volume produzido de resíduos tem levado muitos municípios brasileiros a buscarem alternativas aos chamados “lixões”. Desta forma, surge a demanda para serviços terceirizados para coleta seletiva.

Assim, surgem as associações e cooperativas que atuam diretamente na coleta, separação e triagem dos resíduos. Dados do Censo 2010 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) indicam que cerca de 400 mil pessoas tinham a coleta de materiais recicláveis no Brasil como atividade remunerada.

Os catadores são responsáveis pela coleta, separação, transporte, acondicionamento e beneficiamento dos materiais recolhidos. No entanto, ainda é incerto o potencial econômico da atividade, considerando que os resíduos de maior valor comercial (alumínio, cobre, prata etc.) são detidos por empresas e organizações maiores.

Mesmo assim, os catadores são atores-chave na cadeia de valor do setor e representam 90% de todo material que é reciclado no País. Sem catador, não há reciclagem.

Para mais informações sobre o cenário da reciclagem e dos catadores, acesse a pesquisa completa do IPEA. Acompanhe-nos, também, pelo  Facebook, Twitter e YouTube.

* Com informações do portal O Tempo, Ministério do Meio Ambiente e IPEA